terça-feira, 10 de abril de 2012

COMO VAMOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL?



O INE acaba de publicar o seu Índice global de Desenvolvimento Regional reportado ao ano de 2009. O ponto de observação não permite ainda integrar plenamente os efeitos da dupla crise da economia portuguesa e do resgate financeiro sobre o território, mas permite pelo menos um elemento de comparação com futuras publicações do índice. A comparação com anos anteriores está dificultada pois na bateria de indicadores utilizados registaram-se alterações na sua determinação, impossibilitando uma comparação retrospetiva fiável.
O índice sistematiza num algoritmo três famílias de indicadores – competitividade, coesão e qualidade ambiental, remetendo para uma dimensão ampla de sustentabilidade – económica, social e ambiental.
Nos seus traços gerais, confirmam-se algumas ideias já captadas para o início e meados da década de 2000-2010. O país surge mais equilibrado do ponto de vista das condições de coesão do que da competitividade, refletindo a evolução observada em termos de amenidades coletivas, largamente potenciada pela ajuda dos Fundos Estruturais, designadamente o FEDER e mais parcialmente os fundos de desenvolvimento rural. Tal como tenho vindo a defender, a qualidade ambiental (independentemente da eventual controvérsia em torno da sua medida) emerge cada vez mais como o principal fator de valorização de uma larga parcela do território nacional, carenciado de outros fatores inimitáveis. Não é por acaso que, neste indicador, as cinco NUTS III melhor colocadas, todas elas acima da mediana nacional, são respetivamente a Serra da Estrela, o Alto Alentejo, o Pinhal Interior Sul, o Minho-Lima (uma boa notícia para a minha segunda residência) e o Baixo Alentejo. Uma de duas: ou se paga esta reserva ambiental, ou então teremos de resolver o desafio de assegurar a estas regiões uma base produtiva para valorizar e integrar esta mais-valia ambiental.
Do ponto de vista do índice global, o Grande Porto queda-se pela 6ª posição, ligeirissimamente inferior à média nacional. O Cávado emerge ainda a que uma distância sensível da Grande Lisboa, seguida pelo Baixo Vouga e pelo Entre Douro e Vouga, constituindo estes quatro territórios os únicos que se situam acima da mediana nacional. A perda de relevância do Grande Porto deve-se sobretudo à sua péssima situação em termos de indicadores de coesão. Esta posição do Grande Porto mereceria da parte das lideranças (???) portuenses outra preocupação do que a correntemente evidenciada.Não será com bairrismo serôdio que se combate a perda de coesão.

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