O INE acaba de
publicar o seu Índice global de Desenvolvimento Regional reportado ao ano de
2009. O ponto de observação não permite ainda integrar plenamente os efeitos da
dupla crise da economia portuguesa e do resgate financeiro sobre o território,
mas permite pelo menos um elemento de comparação com futuras publicações do índice.
A comparação com anos anteriores está dificultada pois na bateria de
indicadores utilizados registaram-se alterações na sua determinação,
impossibilitando uma comparação retrospetiva fiável.
O índice
sistematiza num algoritmo três famílias de indicadores – competitividade, coesão
e qualidade ambiental, remetendo para uma dimensão ampla de sustentabilidade –
económica, social e ambiental.
Nos seus traços
gerais, confirmam-se algumas ideias já captadas para o início e meados da década
de 2000-2010. O país surge mais equilibrado do ponto de vista das condições de
coesão do que da competitividade, refletindo a evolução observada em termos de
amenidades coletivas, largamente potenciada pela ajuda dos Fundos Estruturais,
designadamente o FEDER e mais parcialmente os fundos de desenvolvimento rural. Tal
como tenho vindo a defender, a qualidade ambiental (independentemente da
eventual controvérsia em torno da sua medida) emerge cada vez mais como o
principal fator de valorização de uma larga parcela do território nacional,
carenciado de outros fatores inimitáveis. Não é por acaso que, neste indicador,
as cinco NUTS III melhor colocadas, todas elas acima da mediana nacional, são
respetivamente a Serra da Estrela, o Alto Alentejo, o Pinhal Interior Sul, o Minho-Lima
(uma boa notícia para a minha segunda residência) e o Baixo Alentejo. Uma de
duas: ou se paga esta reserva ambiental, ou então teremos de resolver o desafio
de assegurar a estas regiões uma base produtiva para valorizar e integrar esta
mais-valia ambiental.
Do ponto de vista
do índice global, o Grande Porto queda-se pela 6ª posição, ligeirissimamente
inferior à média nacional. O Cávado emerge ainda a que uma distância sensível
da Grande Lisboa, seguida pelo Baixo Vouga e pelo Entre Douro e Vouga,
constituindo estes quatro territórios os únicos que se situam acima da mediana
nacional. A perda de relevância do Grande Porto deve-se sobretudo à sua péssima
situação em termos de indicadores de coesão. Esta posição do Grande Porto
mereceria da parte das lideranças (???) portuenses outra preocupação do que a
correntemente evidenciada.Não será com bairrismo serôdio que se combate a perda de coesão.
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