No seu comentário de Sexta-Feira na “SIC Notícias”, João Cravinho veio chamar a atenção – ao jeito de denúncia – para o que classificou de um “caso gravíssimo”. Vejamos do que se trata em breves excertos das palavras do próprio:
· “O Eng.º Faria de Oliveira foi nomeado e aceitou – com certeza com consentimento e aprovação do ministro das Finanças – ser presidente da Associação Portuguesa de Bancos. O que é o presidente da Associação Portuguesa de Bancos e o que é a Associação Portuguesa de Bancos? É o lóbi, é o porta-voz dos interesses da banca privada, bons ou maus. Ora bem, o Eng.º Faria de Oliveira pode ser perfeitamente, não tenho nada a objetar, presidente da Associação Portuguesa de Bancos. O presidente da Caixa Geral de Depósitos é que não pode.”
· “Diz-se, eu li nos jornais, que o presidente da Associação Portuguesa de Bancos resolveu optar pelo salário que lhe paga a Associação Portuguesa de Bancos e prescindir, portanto, do salário correspondente a presidente da Caixa Geral de Depósitos. Então temos um presidente da Caixa Geral de Depósitos cujo salário é pago pelo lóbi da banca privada!”
· “Esta opção pela Associação Portuguesa de Bancos significa uma fuga a esse limite [o ordenado do Presidente da República como possível limite máximo a estabelecer pelo Governo para as remunerações dos gestores públicos] posto pelo Governo, de modo a poder ganhar três ou quatro vezes mais do que se ganha na Caixa Geral. (…) Ora bem, isto tudo configura uma situação que deveria ter levantado os partidos políticos todos, inclusivamente o do Governo.”
· “Esta ideia de ter na mesma pessoa o presidente da Caixa e o presidente do lóbi do setor privado, de facto é um tal conflito de interesses que não é preciso sequer estar legislado. Mas parece que isto é tudo possível! (…) O problema principal do chamado tráfico de influências, corrupção e tudo isso é que não se reconhece aqui em Portugal, genuinamente, conflitos de interesses do tamanho de uma casa, que se passa sobre eles como se eles não existissem. Isto está de tal maneira generalizado que, num clima destes, vive-se em perfeito conúbio com o tráfico de influências, com a representação dúbia, com a avocação de qualidades (…) – que de facto são totalmente diferenciadas – sob uma mesma pessoa. E tudo isto parece que está bem. Mesmo que a lei o permita, a lei tem que ser mudada. Mesmo que de facto haja omissões… mas há a consciência e há o sentido do dever das pessoas.”
E Cravinho quis ainda terminar de modo bem expressivo: “O simples facto de existir esta situação é em si mesmo prova da existência de uma enorme menoridade moral à frente do País”…
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