Não sou especial fã de uma rendição aos ditames da imagem e do marketing no contexto da intervenção política e social. Mas afirmar isso é algo bem diferente de reconhecer que – assim ao jeito de extrapolação da velha máxima de que “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”… - o estabelecimento de uma relação de confiança entre o cidadão e o homem público exige a presença de um não sei quê do domínio da química.
Assim pensava com os meus botões enquanto ouvia Arménio Carlos a
referir-se à manifestação em que participava a propósito do 38º aniversário do
25 de Abril. Com efeito, a sucessão de Manuel Carvalho da Silva por Arménio
Carlos na CGTP corresponde, a meu ver, a uma boa ilustração daquela ideia.
Porque – sendo que ambos estiveram/estão envolvidos num movimento sindical em
perda e a necessitar de reequacionação e que um e outro lideraram recentemente
greves gerais em condições difíceis – se tem vindo a tornar cada vez mais claro
que um ia passando e o outro não passa de todo.
E se tivesse de indicar um momento em que o rompimento
irremediavelmente se consumou, apontaria o dia da última greve geral (22 de
Março), iniciado com a afirmação matinal de que
“o balanço que fazemos é já neste momento muitíssimo positivo” e concluído com
a obstinada e arrogante recusa final de avançar com quaisquer números
comparativos face a outras greves (quando já era visível o relativo fracasso
daquele dia) acompanhada da insistente afirmação de que “fizemos uma
grande greve geral, com um envolvimento dos trabalhadores semelhante às feitas
recentemente”. Sempre a impercetível mas incontornável sombra de Carvalho da
Silva!
Manifestações
e mistérios da vida coletiva e da psicologia individual. Ou talvez nem tanto…
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