sexta-feira, 27 de abril de 2012

EURO-FLASHES

1. À medida que o financiamento do BCE (ver infografia abaixo do “Financial Times”) vai chegando aos seus limites, evidenciando também o significativo peso que foi assumindo na contenção de manifestações de crise mais gravosas, o seu presidente (Mario Draghi) vai sentindo uma crescente dificuldade para prosseguir a sua “jesuítica” gestão face ao fundamentalismo germânico e aliado e decide passar ao ataque, reclamando um pacto para impulsionar o crescimento na Europa (“grande ofensiva contra os talibãs da austeridade”, chama-lhe o “Financial Times Deustschland”).




2. Sentindo que “cresce a rebelião contra a austeridade fiscal de Merkel” (como refere o “El País”), a Comissão Europeia secunda timidamente aquela posição do BCE e assim se reposiciona para uma eventual “alternativa Hollande” (de cujas ideias sobre o crescimento se aproximam os parceiros europeus, como afirma o “Libération” ao interrogar-se sobre se ele é já “o favorito [‘chouchou’] de Bruxelas”), enquanto a chanceler endurece o tom ao responder que o pacto é inegociável e a imprensa alemã (“Handelsblatt”) fala de um “novo adversário”.



3. No centro da Zona Euro, os intocáveis perdem estatuto e sofrem já uma marcante pressão dos mercados (“core infection”, chama-lhe a nova infografia abaixo do “Financial Times”), enquanto as respetivas situações políticas vão dando sinais de risco social face à crescente centralidade da extrema-direita nas soluções governativas (Marine Le Pen em França e Geert Wilders na Holanda, sendo elucidativa a inversão hoje verificada no parlamento holandês e traduzida numa ampla coligação em torno de um programa de austeridade para 2013 – “subitamente é possível” titula o “de Volkskrant”, cabe perguntar é até quando).



4. A Espanha continua a ser o principal foco dos chamados “mercados”, tendo hoje a “Standard & Poor’s” voltado a baixar o seu “rating” em dois níveis (agora para BBB+ e colocando o país ao nível da Itália e Irlanda; o esquema abaixo dá conta da situação que se registava em final de 2011), mas a gravidade da sua situação económica excede todas as preocupações: ao único país para o qual já se estima um prolongamento da recessão para 2013, aos prémios de risco em alta nos mercados obrigacionistas, aos rumores de resgate adicionam-se os dramáticos dados de desemprego hoje divulgados (crescimento de quase 366 mil pessoas no primeiro trimestre, conduzindo a mais de 5,6 milhões de pessoas no desemprego distribuidas por todas as idades, valor que corresponde a uns 24,4% já muito próximos do recorde de 1994).



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