Bastou uma simples e não plenamente assegurada vitória de
Hollande anunciada pelos resultados da 1ª volta das eleições francesas para que
o “establishment” europeu tremesse e, um pouco gingão, começasse a falar de uma Agenda para o
Crescimento. Primeiro, Mário Draghi preparou a audiência, qual “entertainer” que antecipa a entrada do
artista principal. Ora, a artista principal, depois de entrar em palco
declarando como inegociável o pacto fiscal, apressou-se a retomar a ideia da
Agenda para o Crescimento e fê-lo, curiosamente ou talvez não, invocando uma
ideia de Hollande que constitui em utilizar o Banco Europeu de Investimento
para protagonizar um plano abrangente de modernização infraestrutural, de
energia verde e de tecnologias avançadas.
Claro que nesta performance ninguém
reparou no “pequeno” do sidecar (Sarkosy) que, com esta posição, fica numa
situação complicada. A Grande Amiga afinal tira-lhe o tapete e até tem o topete
de cobrir uma ideia do adversário político.
É claro que ninguém hoje ainda consegue
compreender como é que este golpe de rins da desengonçada senhora Merkel é
compatível com uma defesa tão feroz do pacto fiscal. E ainda como é que será
possível injetar dinheiro no descapitalizado e ameaçado pela baixa de rating
BEI, dinheiro esse que não foi possível ainda reunir para reforçar o firewall do Fundo de Estabilidade Financeira. Pelo que se vai
ouvindo, os incorrigíveis de Bruxelas já estarão a pensar num esquema qualquer
de engenharia financeira que bondosamente designam de imaginação para fazer as
políticas de crescimento regressar, atraindo investimento privado. Não se
entende de facto como que é que se recupera a confiança do investimento sem que
as razões últimas dessa desconfiança estejam dissipadas.
Aplicando tudo isto à situação interna,
ocorre-me cada vez mais a metáfora que se usava no serviço militar e que
consistia mais ou menos nisto: excesso de voluntarismo na tropa significa
muitas vezes estares isolado numa parada com toda a gente a dar um passo atrás,
não alinhando nesse voluntarismo. E, como já se viu, os “pequenotes” do sidecar
são descartáveis, mesmo muito descartáveis.
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