terça-feira, 17 de abril de 2012

SEBASTIANISMO CONCORRENCIAL

Em conversa com um amigo fui alertado para o teor do comunicado abaixo, datado de 13 de Abril.

“A Comissão da Fileira do Pescado, plataforma que reúne as organizações mais representativas do sector das pescas, transformação e comercialização de pescado, considera que o Grupo Sonae está a levar a cabo uma estratégia comercial abusiva e lesiva para as empresas
nacionais.
Sem que houvesse espaço para negociação, a Sonae informou ontem as empresas suas fornecedoras de Peixe e Marisco congelados, de que iria proceder a uma campanha de desconto de 15% em todos os produtos desta categoria, de 13 a 22 de Abril. A informação foi feita por e-mail na véspera da campanha entrar em vigor, não dando às empresas tempo útil
para reação.
Este desconto ao consumidor final, segundo o texto enviado, será assumido pelos fornecedores, não tendo objetivamente o retalhista qualquer diminuição da sua margem de lucro. Às empresas fornecedoras, na grande maioria portuguesas, não foi pedida opinião acerca desta ação, presumindo-se a aceitação tácita da mesma. Este comportamento, vindo de um dos maiores agentes nacionais do setor do retalho e distribuição, é um ato grave, pois põe em causa a viabilidade de empresas nacionais já fragilizadas pelo contexto económico atual.
Embora no comunicado enviado pela Sonae às empresas fornecedoras fosse dito que as que não concordassem com esta ação poderiam manifestar a sua discordância, o certo é que as empresas têm receio em fazê-lo, dado que em campanhas semelhantes os discordantes receberam advertências de retaliações nas compras.”

Percebi depois, lendo o “Público” do dia seguinte que a visada, dona dos hipermercados Continente, contactara entretanto aqueles fornecedores pedindo desculpa pela proposta inicial e referindo: “A informação enviada aos fornecedores de peixe e marisco congelado foi um lapso, uma vez que a campanha mencionada nunca esteve prevista no plano promocional da marca”. Lapso terá sido, certamente, mas esta recorrente impotência dos produtores perante as agressivas e castrantes promoções das grandes cadeias de distribuição já começa a cansar…

À atenção do Governo da República: e não seria opção, nesta como em tantas outras áreas, pôr a funcionar uma Autoridade da Concorrência?

Sem comentários:

Enviar um comentário