Ausente do País durante uns dias, a situação tinha-me escapado, mas uma referência de Luís Pedro Nunes no “Eixo do Mal” de ontem alertou-me para ela e fui ver. O ministro das Finanças apresentava, no final do CM de 29/3, a proposta aprovada consubstanciando a primeira alteração do Orçamento de Estado para 2012. Em resposta a uma pergunta da TSF, começou por enfatizar a sua autoria da relutante estratégia comunicacional governativa em geral e de Passos em particular, designadamente repisando os termos do seu próprio pensamento quanto ao facto de que “um responsável pela condução de política não deve comentar cenários hipotéticos”.
Mas quis depois ir mais longe, explicando exaustivamente: “Quando se gere a política em momentos de crise, essa gestão da política económica é necessariamente um exercício de gestão de riscos. Se não houvesse qualquer risco de que as coisas corressem mal, dificilmente se poderia caracterizar a situação como uma situação de crise. Se por outro lado – não é verdade? – tivéssemos uma situação em que não houvesse qualquer esperança, não teríamos uma situação de crise, teríamos uma situação de catástrofe. Ora, sendo assim, e sendo inegável que vivemos numa situação de crise, não é possível excluir completamente a possibilidade de materialização de riscos. Mas – para repetir – a condução de política económica em crise é um exercício de gestão de riscos. Não é, no entanto, aconselhável especular sobre formas particulares de materialização desses riscos ou sobre a resposta que seria dada no caso desses riscos se materializarem. E simplesmente porque é completamente diferente falar de riscos em abstrato ou ter de gerir riscos em concreto. E é no momento em que a situação concreta se materializa que se pode desenhar a melhor resposta política nas condições concretas. E, consequentemente, repito que não faz sentido fazer um comentário sobre contingências não realizadas.”
E assim vai a condução da nossa política económica, algures entre Lenine e La Palisse…
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