O Público de hoje dedica duas páginas
bastante expressivas a um editor que faz parte da história singular do Porto de
Cultura (edições INOVA, O Oiro do Dia, Modo de Ler), uma personalidade
fascinante não porque o conheça pessoalmente, mas sobretudo pela arte de
congeminação ou invenção de novos livros, quase sempre com a companhia de outro
vulto que marca a nossa matriz identitária, Armando Alves. Quem faz livros
desta natureza, com esta arte e serenidade, é seguramente um personagem fascinante.
A história de vida é também muito sugestiva, sobretudo a sua iniciação aos 20
anos como diretor literário da Portugália, editora na qual ainda hoje me revejo
quando percorro com alguma saudade algumas partes das minhas estantes.
Nas minhas deambulações por uma zona do
Porto a que está ligada parte da minha infância e adolescência ainda percorro
uma das livrarias estilo bouquiniste parisiense junto à Leitaria da Quinta do
Paço e aos sempre sugestivos biscoitos da Ribeiro.
Mas o que me levou à redação deste post
é uma ideia que José da Cruz dos Santos veicula na sua entrevista:
“Hoje lamento ter regressado, porque as coisas teriam sido mais fáceis em
Lisboa. Não vale a pena dizer-se o contrário: o meio do Porto é muito acanhado
e mesquinho.” E, referindo-se à colaboração com outras editoras em Lisboa que é
efetiva, acrescenta: “Seria impensável no Porto, onde o individualismo é mais
feroz”.
O Porto individualista e atomizado,
visto por uma personalidade fascinante que a ele regressou.
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