domingo, 1 de abril de 2012

O CONGEMINADOR DE LIVROS



O Público de hoje dedica duas páginas bastante expressivas a um editor que faz parte da história singular do Porto de Cultura (edições INOVA, O Oiro do Dia, Modo de Ler), uma personalidade fascinante não porque o conheça pessoalmente, mas sobretudo pela arte de congeminação ou invenção de novos livros, quase sempre com a companhia de outro vulto que marca a nossa matriz identitária, Armando Alves. Quem faz livros desta natureza, com esta arte e serenidade, é seguramente um personagem fascinante. A história de vida é também muito sugestiva, sobretudo a sua iniciação aos 20 anos como diretor literário da Portugália, editora na qual ainda hoje me revejo quando percorro com alguma saudade algumas partes das minhas estantes.
Nas minhas deambulações por uma zona do Porto a que está ligada parte da minha infância e adolescência ainda percorro uma das livrarias estilo bouquiniste parisiense junto à Leitaria da Quinta do Paço e aos sempre sugestivos biscoitos da Ribeiro.
Mas o que me levou à redação deste post é uma ideia que José da Cruz dos Santos veicula na sua entrevista:
“Hoje lamento ter regressado, porque as coisas teriam sido mais fáceis em Lisboa. Não vale a pena dizer-se o contrário: o meio do Porto é muito acanhado e mesquinho.” E, referindo-se à colaboração com outras editoras em Lisboa que é efetiva, acrescenta: “Seria impensável no Porto, onde o individualismo é mais feroz”.
O Porto individualista e atomizado, visto por uma personalidade fascinante que a ele regressou.

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