Ainda de
tenra idade, por volta de 1957, uma visita de estado do Imperador da Etiópia
Haile Selassie a Portugal foi tema para algumas anedotas de desacreditação do
regime salazarista e sobretudo da figura ornamental do Presidente da República.
A personalidade de Haile Selassie vinha conotada ainda com o seu célebre
discurso de protesto na Liga das Nações em 1936 contra o uso de armas químicas
contra o povo etíope.
A memória falha-me
para reproduzir integralmente o xiste ou a anedota, mas recordo que a graça
girava em torno do nome do Imperador, transformando o Selassie em “Sei lá se é”
e imaginem o resto.
Por coincidência,
o novo chefe de missão do FMI em Portugal tem também no seu apelido Selassie,
de seu nome Abebe Aemro Selassie.
Ora, de acordo comas últimas afirmações públicas do representante do FMI, regista-se haver uma
abertura para uma espécie de plano B para o resgate financeiro a Portugal e
programa de ajustamento associado. A fonte para essa aparente bondade
prender-se-ia com a evolução do cenário económico para a envolvente externa da
economia portuguesa, bastante mais desfavorável do que o esperado no momento da
conceção do programa, podendo daí gerar uma flexibilização possível para as
metas do défice público sobre as quais o programa de ajustamento seria
aplicado.
Internalizando
toda esta informação, apetece regressar ao xiste de 1957 e afirmar também “Sei
lá se é”. De facto, as posições da Comissão Europeia, plasmadas nessa mente “brilhante”
de Ohli Rehn e do próprio BCE continuam a não bater certo com a aparente maior
flexibilidade do FMI, anunciada nas palavras de Abebe Selassie, com experiência
de economias emergentes e da África sub-Sahariana. A trapalhada sobre a
natureza do programa de ajustamento persiste e com ela toda a incerteza
associada em torno da questão “é ou não realista o regresso aos mercados da
economia portuguesa”. E essa incerteza pode ampliar-se significativamente se os
sinais perversos fornecidos pela economia espanhola persistirem, com o governo
de Madrid a não encontrar procura para a sua mais recente ida ao mercado apesar
do disparar das taxas.
E por cá não é
incerteza mas de desorientação que podemos falar. A história do período de vigência
dos cortes dos 13 e 14º meses é patética e revela à má fila que não estamos a
ser informados com rigor do que efetivamente se passa. O tom monocórdico de
Gaspar que funciona para arrefecer alguns temas, neste caso funcionou ao contrário,
pondo em evidência a não informação deliberada.
Por isso, face a
esta patética desinformação, o regresso ao xiste de 1957 aplica-se a preceito. De
facto, sei lá se é …
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