A expressão, que considero lapidar, é de Adelino Maltez uma
das vozes mais esclarecidas da ciência política em Portugal e procura caracterizar
a personalidade do candidato à Presidência da República, António Sampaio da Nóvoa.
A expressão assinala sobretudo aquilo que poderíamos designar de formação clássica
de Nóvoa e, ao contrário do que muito observador desprevenido pressentiu, o
referencial clássico de Nóvoa é mais intrépido, destemido e interdisciplinar do
que pode parecer. Por tudo isso, porque conheço a sua integridade, a sua
cultura profunda, a sua convicção de que os problemas do país só se resolvem
continuando a apostar na qualificação e dignificação dos portugueses, para os
transportar para uma dimensão cívica mais profunda, acho que a sua candidatura à
Presidência da República vai ser uma lufada de ar fresco, paradoxalmente proveniente
de uma formação clássica. E sobretudo depois de um consulado tão enfadonho,
cinzento, contraditório e pequenino como o de Cavaco, uma personalidade como a
de Sampaio da Nóvoa equivale a respirar ar puro.
A minha experiência de me projetar em candidaturas não
ganhadoras (Maria de Lurdes Pintassilgo, Manuel Alegre) pode não ser um bom augúrio
para as perspetivas de Nóvoa. Mas estou certo que os que pensam que a derrota
de Nóvoa são favas contadas, sejam Marcelo ou, livrem-nos dessa deterioração
ambiental que será uma candidatura de Rui Rio, os seus adversários mais
poderosos, irão arrepender-se. Vai passar pela aragem política portuguesa um
pensamento diferente. E estou em crer que a sua coerência vai ser mais
unificadora do que se pensa. A ver vamos e coragem Caro António Nóvoa.