Passei pela Igreja de Cristo-Rei para uma recolhida homenagem e anónima despedida do Manoel de Oliveira. Familiares, amigos, admiradores, figuras públicas, políticos e muito povão em geral, sem prejuízo de vários dos oportunistas costumeiros e dos dois figurões mais representativos da Nação. Chega a ser pungente, até quase lancinante, ouvir as referências elogiosas destes ou dos seus principais apaniguados (José Pedro Aguiar Branco, Marco António Costa ou Luís Montenegro são péssimos repetidores de circunstância nestas circunstâncias concretas!) à figura, à independência, à verticalidade e à sabedoria dos dois grandes homens ontem desaparecidos de quem em vida sempre foram críticos despeitados e de quem sempre estiveram longe, demasiado longe mesmo. António Costa, o líder do PS e da Oposição, não esteve lá e o partido fez-se representar por Inês de Medeiros, Manuel Pizarro e Pedro Bacelar – exceto se tiver tido motivos de força maior, que deveria divulgar, fez mal porque os detalhes e os sinais continuam a importar e, por vezes até, a fazer a diferença. Costa perdeu de uma assentada duas ocasiões dificilmente repetíveis de marcar posição e de sustentar o seu projeto, quer fazendo legitimamente face, bem de frente, àquela direita inculta que Manoel tanto desprezava quer traduzindo na prática, perante os olhos dos portugueses, o que quer significar o seu discurso assente na educação, nas qualificações e na cultura. Caramba, o Manoel de Oliveira foi um dos nossos “três grandes” (com Saramago e Siza) do derradeiro meio século nesta última área e justificaria bem todos os incómodos associáveis a uma deslocação ao Porto!
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