Um enigma para acabar a noite, de festa justíssima para
os lados das Antas.
Um excerto:
“ (…) Agora, a escola que acredita
no ajustamento automático assume de facto que a taxa de juro se ajusta mais ou
menos automaticamente, de modo a estimular a quantidade certa de produção de
bens de capital para manter os nossos rendimentos ao máximo nível que as nossas
energias e organização e o nosso conhecimento de como produzir eficientemente são
capazes de proporcionar. Isto é, todavia, um mero pressuposto. Não há qualquer
razão para acreditar que seja verdadeiro. Uma quantidade moderada de observação
dos factos, não encoberta por preconceitos, basta para mostrar que não é razoável
admitir tal coisa. Aqueles, que estão comigo deste lado da barricada, que me
atrevo a descrever como meio-certos e meio-errados compreenderam isto; e concluíram
que a única solução para nós é alterar a distribuição do rendimento e alterar
os nossos hábitos de modo a aumentar a propensão para gastar os nossos
rendimentos através do consumo corrente. Concordo com eles que isso seria a
solução. Mas discordo quando vão mais além e argumentam que é a única solução. Porque
há uma alternativa, designadamente, aumentar a produção de bens e capital
reduzindo a taxa de juro e por outras vias.
Quando a taxa de juro desceu para níveis
muito baixos e aí permaneceu tempo suficiente para mostrar que não há mais
produção de capital que valha a pena a uma taxa tão baixa, então concordarei
que os factos apontam para a necessidade de mudanças sociais drásticas
direcionadas para o aumento do consumo. Porque nessa situação tornar-se-á claro
que temos um stock de capital demasiado grande em função do grau de utilização
que lhe podemos dar. (…)
O texto foi escrito em 1934 no âmbito de uma comunicação na BBC. Pela data e pelo teor do texto, claro está que foi John Maynard Keynes
quem escreveu o texto.
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