(Diego Velásquez, “Las Lanzas o La Rendición de
Breda”, Museo Nacional del Prado, Madrid)
Os motores já aquecem para mais uma daquelas emocionantes contendas em que a nossa querida Europa se especializou. Tratar-se-á, desta vez, da escolha do novo presidente do Eurogrupo, terminado que será em julho próximo o tão auspicioso mandato do holandês e trabalhista Jeroen Dijsselbloem. E uma vez que a disputa mais antecipável será hispano-neerlandesa, i.e., entre o sortant (que, ao que parece, lhe tomou o gosto) e o inefável ministro espanhol Luis de Guindos (cuja mais que vigorosa apetência pelo lugar tem limitado qualquer capacidade reivindicativa, e até distanciação mínima, do país em matérias que possam desagradar aos alemães para assim não se correr o risco de Merkel poder mudar de ideias quanto a um prometido apoio à candidatura do personagem), a vinheta acima reproduzida faz uma apropositada alusão/aproximação ao célebre óleo “As Lanças” que Diego Velásquez pintou no século XVII assinalando a “rendição (ou tomada) de Breda”, com Filipe IV e o seu estratega militar genovês Ambrósio de Spinola a recuperarem em 1625 o controlo da cidade (perdido em 1590) numa disputa de tal modo heroica que se saldou por uma das capitulações mais honrosas da História por parte de Justino de Nassau da casa de Orange. Mas nada indica que as hostilidades entre Dijsselbloem e De Guindos venham a ter tal nível de dignidade (para não falar em importância), embora se dê por adquirido que não deixarão por isso de ser reveladoras a vários títulos. E há até já quem diga – como o correspondente do “Financial Times” em Bruxelas, Peter Spiegel, p.e. – que, em caso de o excesso de ambição dos dois poder vir a anular as pretensões de um e outro, haverá já na fila dark horses apontados ao lugar: do lado dos socialistas, o italiano Pier Carlo Padoan; do lado dos populares, a nossa maravilhosa compatriota Albuquerque; do lado liberal, e em caso de vitória do seu partido nas eleições finlandesas de final do mês, o nunca esquecido e sempre desejado Olli Rehn – e agora não me venham dizer que a União Europeia não é um espaço muito rico em alternativas de inexcedível criatividade!
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