quinta-feira, 30 de abril de 2015

VAMOS OU NÃO VAMOS?



Não conheço pessoalmente António Sampaio da Nóvoa. Mas tenho por ele a lógica admiração que me merecem o professor catedrático de Educação, a obra feita pelo ex-reitor da Universidade de Lisboa e o cidadão que se deixa mobilizar em nome de causas nobres e justas. Ontem, tive a oportunidade de assistir em direto à apresentação da sua candidatura à Presidência da República no Teatro da Trindade, em Lisboa. Gostei de o ouvir começar por Sophia: “Este é o primeiro dia, inteiro e limpo”. Gostei, também, daquele “não serei um espetador impávido da degradação da nossa vida pública”. Gostei, ainda, do grito de revolta contra a desesperança: “Que política é esta? Sem uma única ideia de futuro para Portugal. Que país é este? Que parece sem vontade, sem pensamento, sem rumo.” E gostei, por fim, da atitude genuína e convicta que ali soube transmitir com rigor e beleza na palavra e a mobilização coletiva no horizonte. Tudo o resto, que pudesse valorizar (como as origens valencianas e caminhenses) ou até contestar, seriam meros detalhes.

Sala a abarrotar, muita gente pela rua. Soares e Sampaio. A mãe e o padrasto de António Costa. Muitos socialistas de diversas procedências e filiações, mas aparelho apenas q.b. Pouco povo profundo. Tudo mais ou menos como não podia deixar de ser nas presentes circunstâncias. E, contudo, uma vaga sensação de que há quem esteja somente a cumprir mínimos ou até a jogar para nulos. Depois do inqualificável desastre que foi Aníbal, afastado um candidato possuidor de cartão de sócio como era Guterres, sem grandes perigosidades políticas pela frente e com as legislativas no centro das preocupações, talvez haja quem entenda que é de dar por bem-vindo o que acabar por vir. E porque não o amigo Rio, naqueles seus declamatórios alardes de coragem rústica, marialva e fanfarrona? Antes um “bolas fora” intrépido mas controlável do que um interventor sólido à solta? Recuso, não posso de todo crer que alguns institucionais em exercício possam vir a tratar assim a responsabilidade que lhes cabe para com aspirações viáveis do seu tempo...

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