A elaboração a cargo do deputado Pedro Saraiva (PSD e
ex-Presidente da CCDR Centro) da síntese dos trabalhos do inquérito parlamentar
ao caso BES/GES devolveu, por momentos, aos deputados presentes na Assembleia
da República, pelo menos os representados no referido inquérito, uma auréola de
seriedade, competência e sobretudo trabalho. A luta política já em marcha sobre
as condições da aprovação no Parlamento que os diferentes partidos vão colocar,
apesar da não razoabilidade de algumas das posições (a posição do PCP é
simplesmente patética ao colocar no mesmo nível de culpa Salgado, reguladores e
sistema financeiro em geral e é tanto mais patética quanto é animada por um
deputado bem jovem), não irá apagar essa imagem de competência que os trabalhos
revelaram.
Mas foi sol de pouca dura. A trapalhada que o PSD, o CDS
e o PS estão a protagonizar com o abortado anúncio de proposta legislativa para
“regular” (expressão soft para o que
os textos conhecidos anunciavam) a cobertura jornalística das próximas
legislativas por parte dos órgãos de comunicação social é um verdadeiro hino à
estupidez e impreparação. Que Carlos Abreu Amorim esteja nesta trapalhada já
não me espanta. Mas que Inês Medeiros tenha deixado associar o nome do PS a
esta trapalhada e a esta junção de interesses e de forças com os partidos da
maioria revela a mais completa ausência de sentido e de feeling político,
sobretudo numa caminhada em que é vital marcar diferenças face à maioria que se
pretende combater e vencer. E revela um modelo de gestão do grupo parlamentar
demasiado amador para os tempos de desafio que vão correndo.
Por outro lado, que o governo da maioria é perito nestas
coisas de lançar para a opinião pública medidas e ações cuja exequibilidade e
animosidade de respostas pretende avaliar já o sabíamos. Mas que os deputados
da República o façam antes de concretizarem o seu trabalho legislativo é
novidade e que patética novidade. E fazê-lo na antecâmara do 25 de abril, então
é incompetência dos mais incompetentes.
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