sábado, 18 de abril de 2015

O RATO CRASHOU COM GRITOS DE HIJO DE PUTA!



Que o sistema financeiro espanhol fortemente alavancado pela bolha especulativa que precedeu a Grande Recessão de 2007-2008 e seus prolongamentos no tempo não inspirava confiança já o sabíamos. O resgate da economia espanhola foi lançado para estancar danos no sistema bancário e sistema financeiro e os capitalismos regionais, alguns dos quais pretensamente modernizadores, encobriam seriíssimas incompetências e abusos de poder, com forte participação de gente alta do PP e algumas chamuscadelas pelas bandas do PSOE mais bloco central e ávido de participação na distribuição do bolo financeiro.

É óbvio que as instituições bancárias mais sólidas e internacionalizadas como o Santander agora sob a liderança de Botín filha aguentaram o barco e permitiram compensar a enorme destruição de valor e de alocação de recursos públicos que o despautério de outros exigiu. Mas ficou sempre no ar a impressão que a purga não teria sido suficientemente destruidora para purificar o ambiente financeiro em Espanha. De qualquer modo, os regionalismos, como o galego que sempre se encostaram ao sistema financeiro regional, sofreram um enorme abalo e sobretudo uma destruição de convicções. Afinal, um dos símbolos da identidade regional caía como um baralho de cartas e revelava interesses sórdidos enrolados no regionalismo.

A detenção e libertação-espetáculo (ainda não suficientemente explicada) de Rodrigo Rato, independentemente do economista espanhol surgir maculado ou impoluto em função da investigação judicial em curso, é uma espécie de cereja em cima do bolo de toda a armada do PP envolvida na degradação do sistema financeiro. Homem-chave de toda a estratégia do inspetor de impostos AZNAR, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional e com confiança suficiente do atual PP para ser colocado à frente do BANKIA de todos os problemas e desconfianças, Rodrigo Rato não é um BARCENAS qualquer. A sua putativa implicação em processos pouco recomendáveis para quem chegou tão alto na gestão dos interesses financeiros espanhóis e na própria hierarquia das organizações económicas internacionais mostra bem como a degenerescência da base moral do sistema financeiro penetrou tão fundo. Podemos perguntar se toda esta degenerescência é ou não produto de um período de euforia financeira especulativa. Se o for trata-se de relevante elemento para memória e regulação futuras. E o PP lá terá de remendar mais um rombo na sua credibilidade. O CIUDADANOS agradece enquanto não aparecer com alguma personalidade também chamuscada pelos acontecimentos.

Os violentos gritos de Hijo de Puta que se ouviam na reportagem sobre a detenção de Rato são bem a evidência do estado de consideração que o povo espanhol mais atingido pelos efeitos do resgate tem para com o seu sistema financeiro.

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