segunda-feira, 6 de abril de 2015

EUROPA DO DESEMPREGO


Como é por demais sabido, Mario Draghi deu início no mês passado ao programa de quantitative easing do BCE, que em princípio se prolongará até 2017. Pois não obstante este impulso expansionista – e são os próprios analistas da Instituição a prevê-lo –, nem assim a Zona Euro se verá significativamente livre da maior chaga que a atinge: os elevadíssimos níveis de desemprego que vem registando na sequência da crise aberta em 2007/08.

Vejamos os números básicos: uma taxa de desemprego que equivalia a 7,2% no início de 2008, ronda atualmente os 11,2% (contra 5,5% nos EUA) e não descerá tão cedo abaixo dos dois dígitos (9,9% em finais de 2017, i.e. quando estiver concretizada a totalidade dos efeitos do programa de compra de obrigações pelo BCE). Se a estes dados indiciadores de um rígido “desemprego estrutural” somarmos as enormes e crescentes desigualdades que se registam entre os vários países, bem assim como a insuportável e muito frequente concentração do fenómeno em camadas jovens e dinâmicas da população, chegaremos inquestionavelmente a mais uma clara noção do estado de entorpecimento a que chegou a economia europeia em geral e do estado de arrasamento que carateriza em particular algumas das suas componentes nacionais/regionais mais frágeis.

Esta Europa em que vivemos está a um tal ponto envelhecida e letárgica que já nem os abanões provocados na procura conseguem ter repercussão em termos de uma capacidade minimamente decente de criação de postos de trabalho. Uma situação destas, que tem todos os ingredientes de tragédia, só por milagre encontrará redenção – uns, já em fim de carreira, acabarão irremediavelmente aliviados da sua desesperança algures num qualquer céu; outros, ainda na plenitude da sua energia vital, recorrerão crescentemente à fuga para tão fora ou longe quanto puderem...

(Jeremy Banks, “Banx”, http://www.ft.com)

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