terça-feira, 14 de abril de 2015

UM GRANDE POR OUTRO GRANDE



Em tempo de vertigem de obituários, na New Yorker digital de hoje que me chega todos os dias via correio eletrónico, temos uma crónica singela de Salman Rushdie sobre a memória e obra de Gϋnter Grass.

Uma curta citação permite descobrir como é que um grande via outro grande:

“(…) No seu 70º aniversário, muitos escritores – Nadine Gordimer, John Irving e toda a literatura alemã – reuniram-se para cantar felicitando Grass no Thalia Theatre em Hamburgo, mas do que me lembro melhor é que quando se cantaram os parabéns e a música começou a tocar, o palco do teatro tornou-se um palco de dança e Grass revelou-se um mestre do que designo de dança coletiva. Ele dançava a valsa, a polka, o fox-trote, o tango e a gavotte e parecia que as raparigas mais bonitas faziam fila para dançar com ele. À medida que, deliciado, se balanceava, rodopiava e mergulhava, na dança, compreendi que ele era isso mesmo: o grande dançarino da literatura alemã, dançando pelos horrores em direção a uma literatura de beleza, sobrevivendo ao diabo devido à sua graça pessoal e ao seu sentido do ridículo. Aqueles jornalistas que pretenderam que o criticasse em 1982, disse: talvez ele tenha de morrer para compreenderem o grande homem que perderam. Esse tempo chegou. Espero que o tenham compreendido.”

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