Para não parecer obsessivo, tenho evitado pronunciar-me com a frequência que a gravidade da situação exigiria – e, já agora, com um nível de carga consonante com a indignação que diariamente me invade – em relação à forma como a Europa continua a tratar a questão grega e a Grécia. Tsipras, Varoufakis e os outros responsáveis continuam a fazer o seu trabalho interno e externo, resistindo denodadamente às provocações e procurando responder-lhes com as armas desiguais que são as que estão ao seu alcance.
Mas hoje Tsipras vai a Moscovo e é tão visível/audível o nervoso miudinho provocado por essa visita em várias capitais europeias que decidi voltar ao tema (com a imprescindível ajuda do cartunista holandês Tom Jansen, http://www.politicalcartoons.com). Não que, como escrevia ontem o nosso bem conhecido Wolfgang Münchau, seja com alguma probabilidade admissível que Tsipras vá por lá encontrar a salvação. Mas, em todo o caso, as condicionantes da geopolítica internacional – bem assim como os interesses, os jogos táticos e os relacionamentos pessoais à sua volta – têm um peso absolutamente inequívoco e incontornável.
Neste quadro, Münchau, sugerindo a Tsipras que trabalhe numa estratégia económica coerente que não dependa da Rússia e explicitando a sua preferência por uma falência grega dentro da Zona Euro mas em termos suscetíveis de continuar a garantir apoio a Atenas durante a transição, insiste sobretudo em avisos quanto à dimensão incontrolável da esparrela em que ambas as partes podem estar a deixar-se cair. Assim: “Há claramente o perigo de um duplo erro de cálculo. A UE pode subestimar as consequências políticas e económicas de um Grexit. E os gregos podem sobrestimar o potencial do plano B russo. Será necessária uma muito séria diplomacia económica para evitar a calamidade que adviria de ambos os lados fazerem mal os seus cálculos.”
Cuidado que os ventos não estão mesmo nada propícios, e muito menos favoráveis, a aventuras, chantagens, bluffs, flirts ou outras brincadeiras/travessuras de qualquer espécie...
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