quinta-feira, 2 de abril de 2015

SILVA LOPES



Que tempos estes em que o Interesse Privado, Ação Pública se transforma em obituário dos grandes que nos vão deixando.
José Silva Lopes é um nome incontornável da política macroeconómica em tempos de democracia, um espírito crítico e por vezes contundente, nos últimos tempos mais amargo, que nunca hesitou em criticar os interesses rentistas, as reivindicações desproporcionadas, em denunciar as insustentabilidades, a influência da partidarite no racional da política pública.
Paul Krugman dedica-lhe hoje no New York Times o seu blogue e isso põe em evidência o prestígio que Silva Lopes tinha entre os macroeconomistas que visitaram Portugal desde o advento da democracia. Krugman destaca o seu espírito de humor desde os tempos de 1976, em que a economia portuguesa atraiu outros economistas como Lance Taylor. Alguns textos seus são ainda hoje uma referência da história económica portuguesa recente. Trabalhou e manteve pensamento lúcido até aos seus últimos aparecimentos, onde se destaca a sua participação num longo artigo coletivo que publicou no Público com alguns colegas de geração, como a Dra. Manuela Morgado.
Pessoalmente, devo-lhe um convite para participar numa conferência sobre políticas de emprego organizada pelo Conselho Económico e Social que ele dirigia com competência e ânimo. Recordo um almoço que me ofereceu no Conventual, em que falámos da Conferência e das suas esperanças para a mesma, mas sobretudo discutimos o encucamento dos economistas que trabalhavam em torno da Faculdade de Economia do Porto, a sua incapacidade para adquirir mais visibilidade e notoriedade e outras matérias mais heterodoxas.
Vamos ter saudades da sua presença regular, desarmando a pergunta fácil de José Gomes Ferreira ou de outro jornalista economicamente iletrado.

Sem comentários:

Enviar um comentário