A semana começa a 27 de abril e começa bem com a publicação
do último disco de Aldina Duarte, ROMANCE.
O fado para mim é Aldina, Aldina Duarte e devo-o a
algumas crónicas deliciosas do saudoso Eduardo Prado Coelho. Não conheço outra
intérprete do fado com consciência política tão sólida como Aldina e vê-la ao
vivo, como uma estátua que assume vários estados de espírito, de resignação, de
luta, gingona, de amores loucos e impossíveis, como a vi num espetáculo da Casa
da Música, impressiona. Não imagino o que será uma atuação de Aldina no
ambiente restrito de uma casa de fados ou em serões animados pelo já
desaparecido Marquês de Fronteira.
Um qualquer disco de Aldina é um convite à poesia. O
Contos de Fados (essencialmente com poemas de Manuela de Freitas) e o Crua (com
poemas de João Monges) são livros de poesia que se devoram ouvindo.
Amanhã é publicada uma nova incursão de Aldina pela
originalidade que o fado ainda contém, o que parece milagre, num trabalho
assinado por Maria do Rosário Pedreira que constrói em dois discos uma história
com laivos de Tchekov que vamos ouvir com devoção. E para aguçar a imaginação,
Pedro Gonçalves dos Dead Combo produz o disco.
Uma boa forma de começar a semana.
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