sábado, 11 de abril de 2015

PRIMAVERA NA NIGÉRIA?

(Hassan Bleibel, http://www.cartoonmovement.com)

(Joe Cummings, http://www.ft.com)

No meio de tantas e tantas más notícias, a política internacional trouxe-nos duas positivas de uma assentada: o acordo sobre o nuclear iraniano, a que já aqui há dias me referi, e as eleições nigerianas, que hoje destaco.

A vitória do principal candidato oposicionista, que se apresentava numa complexa coligação (APC, “All Progressives Congress”), contra aquele que provinha do poder instalado (o PDP, “Peoples Democratic Party”), foi desde logo uma relativa surpresa. Mas, mais importante do que isso, foi a forma como o vencido Goodluck Jonathan assumiu pacificamente a derrota em face uma contenda relativamente disputada (a diferença de votos foi apenas de 2,5 milhões num universo de 68,8). O novo presidente é um velho conhecido da cena política nigeriana posterior à independência de 1960, o General Muhammadu Buhari, um homem que já foi poder através de um golpe de Estado em 1983 e que tem ensaiado a sua sorte desde que os militares se afastaram (1999) mas que só agora terá conseguido convencer a maioria dos seus concidadãos (53,96% dos votantes, que foram menos do que os mais de 57% que se abstiveram) da sinceridade/viabilidade das novas e principais causas que frontalmente abraçou (rejeição da corrupção, do capitalismo de compadrio e da criminalidade).


Ao não ter assim ateado qualquer fogo, o incumbente Goodluck – que grande nome para fazer uma campanha eleitoral! – saiu assim em ombros democráticos, num país que já tem problemas graves que chegue com que se haver. A começar pelas fortíssimas clivagens religiosas que o dividem e pela presença numa vasta parte do seu território a norte de uma dilacerante violência protagonizada pelos terroristas radicais pró-Al Qaeda do Boko Haram.


Seria excessivo discorrer aqui mais sobre tão complexas situações e matérias, a que teria de adicionar ainda a questão da brutal dependência da economia do país em relação às receitas do petróleo. Veremos então como Buhari vai lidar com todas e cada uma delas, contando para tal com o forte contributo de uma dinâmica poderosíssima de natalidade. Mas – e perdoe-se-me o momento de fraqueza machista que segue! – a sua filha Zahra, que estuda Microbiologia na Universidade britânica de Surrey, não deixa de ser uma antecipadamente reconhecível e fascinante demonstração do potencial que a Nigéria exibe em termos de recursos humanos...

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