quarta-feira, 22 de abril de 2015

SUOMEN TASAVALTA


Vistas a esta longa distância geográfica e cultural, as eleições legislativas finlandesas, que tiveram lugar no passado Domingo, produziram um resultado que aparenta normalidade. O principal partido do atual governo, a “National Coalition” (NC) do primeiro-ministro Alexander Stubb, perdeu a sua liderança eleitoral para um partido da oposição, o “Centre Party” do empresário e milionário Juha Sipilä.

E, de facto, além de confirmada a existência de quatro grandes partidos de poder na Finlândia, os dois agora mais votados (38,7% dos votos e 87 eleitos num parlamento de 200) são precisamente os dois únicos que estiveram sempre na oposição durante toda uma legislatura precedente em que o governo resultou de uma coligação entre a NC (filiada no PPE) e os social-democratas, subsidiariamente apoiada pelas restantes cinco menores formações do espectro partidário (tendo duas delas posteriormente renunciado a esse apoio). Uma vitória do “contra”, portanto, ou se se quiser uma vitória das forças menos desgastadas pela usura do poder.

Todavia, vendo a coisa mais de perto, não será bem assim: o governo anterior, ao resultar de uma aproximação entre o centro-direita e o centro-esquerda dominantes na Europa, era claramente pró-europeu (ainda que, como é óbvio, pouco mais do que defensor do atual e conservador mainstream – vejam-se, nesse sentido, as suas posições durante a crise das dívidas soberanas e em relação ao resgate português em especial), enquanto o que agora se começa a formar – apesar de liderado por um liberal (grupo ALDE na Europa) – terá seguramente as marcas eurocéticas que lhe serão impostas pelo “verdadeiro finlandês” Timo Soini (populista q.b. e alinhado com o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus). Além de que poderá também vir a contar com o inestimável contributo do inefável Olli Rehn...

E assim se consuma um novo e pequeno passo no sentido do retrocesso da construção europeia, tanto mais quanto os que nela descreem ou a combatem são geralmente mais firmes e duros na afirmação política das suas convicções do que os que dizem querer relançá-la mas não parecem dispostos a grandes esforços para pugnar decididamente nessa direção...


Sem comentários:

Enviar um comentário