quarta-feira, 29 de abril de 2015

DAS RELAÇÕES SINO-NIPÓNICAS


É genericamente sabido que, desde tempos milenares, a História está cheia de guerras, conflitos, incidentes e escaramuças entre a China e o Japão, leia-se, entre os impérios que por lá imperaram. Sendo que as situações mais graves e temporalmente mais próximas de nós aconteceram no final do século XIX, a propósito do controlo da Coreia, e a meio do século passado, no quadro da chamada “Segunda Guerra Sino-Japonesa” (1937/45).

Na atualidade, não se ouve frequentemente falar por cá das relações pouco amistosas existentes entre estes dois países vizinhos, geograficamente separados por uma faixa relativamente estreita de mar, em crescente integração comercial recíproca e representando nada menos do que a segunda e a terceira maiores economias mundiais. Mas isso é assim apenas porque o Far East é muito longe daqui e porque outros temas de maior acuidade imediata se sobrepõem noticiosamente a esse, na medida em que a verdade – e basta circular por aquelas bandas – é que as disputas marítimas se vão sucedendo, os reapetrechamentos militares recrudescem em larga escala e as análises sobre as estratégias expansionistas de uns e outros se multiplicam significativamente.


Não vai há muito tempo que a revista “The Economist” fazia uma capa sobre a matéria, à época concreta sob a pressão de manifestações anti-japonesas em várias cidades chinesas a pretexto de uma disputa em torno de um grupo de ilhas desabitadas localizadas no Mar da China Oriental, batizadas de Ilhas Senkaku pelos japoneses e de Ilhas Diaoyu pelos chineses. Num enjeu que parece ter menos a ver com recursos (pesca, gás ou petróleo) do que com a preparação para uma tomada de posicionamentos de liderança no contexto da dominação económica global da Ásia que vai ocorrendo. Veja-se, acima, o elucidativo mapa ontem divulgado pelo “Le Monde”.

Eis toda uma matéria que Obama e os Estados Unidos aspiram a arbitrar, como claramente demonstra a agenda da visita em curso do primeiro-ministro Shinzo Abe a Washington (que chega incluir um inédito discurso no Congresso) devidamente enquadrada por uma vontade expressamente manifestada no sentido de contar com um Japão mais colaborante e ativo, quer em termos de dissuasão de eventuais manobras perigosas por parte da China quer em termos de assunção de maiores responsabilidades na segurança mundial. A diferença, afinal, entre um aliado subalterno de décadas e um duvidoso parceiro de circunstância...

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