Nem de propósito. A notícia de um comboio japonês de levitação eletromagnética (“Maglev”, magnetic levitation transport) que atingiu um novo recorde de velocidade (num teste em que circulou a 603 km/h durante 10,8 segundos) e da existência de uma linha comercial dessa natureza em operação na China desde 2004 (a linha Xangai Transrapid que faz um percurso de cerca de 30 quilómetros de e para o aeroporto internacional em 7 minutos e 20 segundos) vêm notoriamente ao encontro de falas recentes, neste espaço, em torno de viagens ferroviárias de e para Lisboa, de dinâmicas asiáticas, de sino-sinais dos tempos e de outras tendências futuras.
Trata-se de uma espécie de comboio, de um veículo que transita/”flutua” dez centímetros acima dos carris e assim é propulsionado pelas forças do magnetismo através do uso de supercondutores, eliminando o atrito e podendo atingir velocidades muito elevadas com relativo baixo consumo de energia e pouco ruído. É óbvio que ainda estamos perante uma tecnologia em aperfeiçoamento, cujo custo de produção é de momento quase proibitivo e portanto pouco competitivo em relação ao transporte aéreo, mas a trajetória parece inelutável: a “Central Japan Railway” já definiu os objetivos de, em 2027, vir a ligar Tóquio e Nagoia em apenas 40 minutos e, em torno de 2045, reduzir para metade o atual tempo de viagem entre Tóquio e Osaca (cerca de duas horas e meia), para o que carece de um judicioso mecanismo de financiamento em que a venda desta tecnologia de alta velocidade fora do país (uma linha de levitação magnética entre Washington e Nova Iorque, por exemplo) será certamente um importante elemento de alavancagem.
Como ponto de chegada, e no que nos diz respeito, será então de crer que um bisneto do meu colega de blogue não possa, lá mais para o final do século, replicar o bisavô, lendo confortavelmente um relatório de 100 páginas no trajeto entre o Porto e Lisboa. Porque é de crer que este apenas lhe demorará meia hora, pese embora essa seja uma crença que nunca iremos poder ver confirmada/infirmada e que por esses dias até poderá ter-se tornado improcedente ou até risível...
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