quarta-feira, 29 de abril de 2015

O EURO A DESCOBERTO




Via mensagem que, através do Financial Times, o meu amigo José Cerqueira (Angola) me enviou, tomo conhecimento de três cartas ao conceituado jornal que colocam o euro a descoberto, como edifício imperfeito e sem inteligência endógena disponível para o consertar.

Cito:
“Não é claramente uma moeda comum
Caro Senhor, li com grande interesse os comentários de Sir James Pickthorn e James Maguire (Cartas 28 de abril) relativas à “moeda comum”. Deve agora tornar-se claro que não estamos a tratar de uma moeda comum mas com um sistema de taxas de câmbio fixas que não demorará muito tempo a quebrar. Os arquitetos de Bretton Woods tiveram pelo menos em conta a natureza finita do sistema e permitiram uma faixa, ainda que pequena, em que as moedas podiam flutuar.”

FT, admita que a moeda única foi um tremendo erro
Caro Senhor, a história de Peter Aspden sobre o romance do seu pai na e com a Grécia (Life &Arts, 25 de abril) está relacionada com o patético do momento atual de frieza entre a Alemanha e a Grécia. Na semana passada ouvi Lord King num discurso a afirmar que a moeda única europeia tinha gerado o conflito entre os dois países, que não teria acontecido na sua ausência. Quantos elementos do comentário económico, incluindo o FT, terão de pedir desculpa pelo mais terrível erro que sem exagero está a minar a governação democrática pacífica na Europa e a causar a mais profunda miséria ao povo Grego?”

“A loucura de esperar por resultados diferentes
Caro Senhor, Se há algum mito na análise de Martin Wolf sobre a odisseia do euro na Grécia (22 de abril) é a que não devemos questionar a ideia de que ser membro do euro é algo de irrevogável. Na economia como em qualquer outro domínio, é seguramente mais sensato rever decisões já tomadas quando as circunstâncias mudam e nova informação está disponível. Depois de mais de 10 anos de pertença, é claro que a Grécia não sobreviverá num regime de câmbios fixos em que participam países do Norte como a Alemanha. Mesmo que todas as dívidas da Grécia fossem anuladas e se começasse do zero não há espaço para a Grécia ser produtiva ou competitiva relativamente à Alemanha com uma taxa de câmbio fixa. Ao longo do tempo, o equilíbrio comercial deteriorar-se-á de novo à medida que a competitividade grega piorar. Seguramente, será melhor reconhecer que a entrada da Grécia foi um erro e atuar em conformidade do que entrar indefinidamente num outro mito grego de Sísifo.”

Será o ambiente eleitoral do Reino Unido a sobrepor-se a tudo o mais? Queria supor que sim. Mas começo a ter dúvidas.

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