Via mensagem que, através do Financial Times, o meu amigo
José Cerqueira (Angola) me enviou, tomo conhecimento de três cartas ao
conceituado jornal que colocam o euro a descoberto, como edifício imperfeito e
sem inteligência endógena disponível para o consertar.
Cito:
“Não é claramente uma moeda comum
Caro Senhor, li com grande interesse os
comentários de Sir James Pickthorn e James Maguire (Cartas 28 de abril)
relativas à “moeda comum”. Deve agora tornar-se claro que não estamos a tratar
de uma moeda comum mas com um sistema de taxas de câmbio fixas que não demorará
muito tempo a quebrar. Os arquitetos de Bretton Woods tiveram pelo menos em
conta a natureza finita do sistema e permitiram uma faixa, ainda que pequena, em
que as moedas podiam flutuar.”
“FT, admita que a
moeda única foi um tremendo erro
Caro Senhor, a história de Peter Aspden sobre
o romance do seu pai na e com a Grécia (Life &Arts, 25 de abril) está
relacionada com o patético do momento atual de frieza entre a Alemanha e a Grécia. Na
semana passada ouvi Lord King num discurso a afirmar que a moeda única europeia
tinha gerado o conflito entre os dois países, que não teria acontecido na sua
ausência. Quantos elementos do comentário económico, incluindo o FT, terão de
pedir desculpa pelo mais terrível erro que sem exagero está a minar a governação
democrática pacífica na Europa e a causar a mais profunda miséria ao povo
Grego?”
“A loucura de esperar por resultados
diferentes
Caro Senhor, Se há algum mito na análise de
Martin Wolf sobre a odisseia do euro na Grécia (22 de abril) é a que não devemos
questionar a ideia de que ser membro do euro é algo de irrevogável. Na economia
como em qualquer outro domínio, é seguramente mais sensato rever decisões já
tomadas quando as circunstâncias mudam e nova informação está disponível. Depois
de mais de 10 anos de pertença, é claro que a Grécia não sobreviverá num regime
de câmbios fixos em que participam países do Norte como a Alemanha. Mesmo que
todas as dívidas da Grécia fossem anuladas e se começasse do zero não há espaço
para a Grécia ser produtiva ou competitiva relativamente à Alemanha com uma
taxa de câmbio fixa. Ao longo do tempo, o equilíbrio comercial deteriorar-se-á
de novo à medida que a competitividade grega piorar. Seguramente, será melhor
reconhecer que a entrada da Grécia foi um erro e atuar em conformidade do que entrar
indefinidamente num outro mito grego de Sísifo.”
Será o ambiente eleitoral do Reino Unido a sobrepor-se a
tudo o mais? Queria supor que sim. Mas começo a ter dúvidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário