Ainda no rescaldo dos “Óscares”, uma breve nota sobre um filme nomeado de um realizador singular, praticante de “um cinema de autor, dentro da indústria americana, com atores conhecidos pelo grande público” (Terrence Malick): “A Árvore da Vida”. Um filme que foi também “Palma de Ouro” no Festival de Cannes.
Ninguém melhor do que Jorge Leitão Ramos (suplemento “Atual” do “Expresso”), o crítico cinematográfico português com quem há décadas mais me identifico (seguido de perto por João Lopes), num texto pequeno e “straight to the point”:
“Era muito mais fácil no tempo de Miguel Ângelo. Quando ele queria figurar Deus, pintava um velho de barbas brancas com a mão estendida para o homem. É muito mais difícil para um cineasta com Terrence Malick que busca o rosto de Deus em múltiplos avatares, sem que se saiba se o terá encontrado. Mas é infinitamente fascinante a busca, como apaixonante é a viagem através dos caminhos da Graça e dos caminhos da Natureza – onde o sofrimento extremo parece indiciar que Deus virou a cara ou nem sequer lá está. ‘A Árvore da Vida’ é uma experiência-limite de um visionário que não se conforma com os lugares-comuns e os caminhos já trilhados pela linguagem cinematográfica. Ao invés, ele ensaia, testa, arrisca, corta, retoma, num jogo que não se pode recusar. Nunca se viu um filme como este.”
Malick é um personagem algo misterioso – foge a dar entrevistas, recusa participar na promoção dos seus filmes e é conhecido por “eremita” ou “perfecionista”, entre vários outros epítetos – com autoria limitada a apenas cinco longas-metragens em 40 anos de atividade: “Badlands” (1973)/”Os Noivos Sangrentos”(com Martin Sheen e Sissy Spacek), “Days of Heaven” (1978)/”Dias do Paraíso”(com Richard Gere, Brooke Adams e Sam Shepard), “The Thin Red Line” (1998)/“A Barreira Invisível” (com Sean Penn, Adrien Brody e George Clooney), “The New World” (2005)/”O Novo Mundo” (com Colin Farrell, Christopher Plummer e Christian Bale) e “The Tree of Life” (2011)/”A Árvore da Vida” (com Brad Pitt e Sean Penn). Que um destes fins de semana pude ver e/ou rever, em sessões quase contínuas, graças à edição de uma caixa com os cinco DVDs. Incomparável e incontornável!
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