sexta-feira, 16 de março de 2012

LANÇAMENTO

António Costa lança hoje no Porto o seu livro “Caminho Aberto – Textos de Intervenção Política”. E convidou nada mais do que Rui Moreira (RM) para fazer a respetiva apresentação. Um programa que poderá tornar-se imperdível, hoje ao final da tarde na Casa da Música. Sobretudo na expectativa de poder surgir a oportunidade de um esclarecimento em relação a alguma(s) da(s) contenda(s) que RM foi sucessivamente abrindo em escritos publicados.

Como é exemplo a peça abaixo (“Poções mágicas”, “Público” de 13 Abril 2008), onde Costa surge diretamente visado em insinuações de gosto duvidoso:

“(…) António Costa inventou uma nova e potente poção mágica para obrigar todos os portugueses a pagar o pesado défice da Câmara Municipal de Lisboa. Ao que se sabe, já havia uma solução que fora negociada e que fizera parte das condições prévias que colocou, antes de aceitar concorrer às eleições para a depenada autarquia. Essa complicada engenharia já decidida pelo Governo assegurava a transferência de terrenos ribeirinhos, que hoje pertencem ao domínio público marítimo, da posse da Administração do Porto de Lisboa para a posse da câmara municipal, o que permitiria que esta fizesse um magnífico encaixe, concedendo-lhes capacidade construtiva de seguida e vendendo-os por fim. Só que, imagine-se, o Presidente da República pregou-lhe uma partida e vetou esse negócio. Agora, e receando que o veto se mantenha, apesar do empenho que o Governo demonstra em resolver o assunto, Costa exige uma compensação pelo afluxo de tráfego que a nova ponte entre o Barreiro e Chelas irá trazer para Lisboa, alegando que terá que fazer investimentos na rede viária.
Ou seja, todos nós, que vivemos na parvónia, vamos indemnizar os lisboetas. Não que sejamos responsáveis por a Câmara de Lisboa estar falida. Isso não pareceria bem. Vamos compensá-los pelo facto de o Estado concentrar nessa zona do país todo o investimento público, utilizando verbas que, por acaso, são atribuídas pela União Europeia para fomentar a coesão. De facto, coitados, os lisboetas são terrivelmente prejudicados. Afinal, vão ter na sua região um novo aeroporto, vão ter a cidade aeroportuária e a ferroviária, vão ter duas ligações de TGV, vão ter ainda várias plataformas logísticas. É muito sacrifício, convenhamos.”

Acrescem outros pontos em aberto que, embora mais indiretos e dotados de maior abrangência, não deixam de ser igualmente elucidativos e reveladores de grande potencialidade. Como poderá ser o caso de Costa vir ao Porto demonstrar que recuperou de um possível ataque de amnésia que o tenha afetado (“algumas dessas pessoas, que foram corresponsáveis ou participaram na Governação de José Sócrates, parece que estão a sofrer um ataque de amnésia e isso é preocupante”) ou aproveitar para aqui fazer finalmente o ato de contrição que se lhe exige por ter apoiado o anterior Governo socialista (“pela incompetência e pela mentira que nos foi servida todos os dias, durante muito tempo”).

Tudo convergindo, sem apelo nem agravo, numa questão de carácter…

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