O tempo não dá para tudo e pelos vistos passou-me este concerto de Charles Lloyd no Odeon de Herodes Atticus em Atenas, acompanhado do seu quarteto mais recente e com a
participação de Maria Farantouri, cantora grega da resistência e dois músicos
gregos Sokratis Sinoupolos e Takis Farazis. O contacto com o disco avivou-me memórias de outros concertos.
A sonoridade de Lloyd perturba-me sempre mesmo que o fôlego
de Lloyd já não seja o mesmo de outros tempos. Mas o lirismo e a inventiva estão lá intactos. No verão
passado, nos jardins de Serralves, o lirismo de Lloyd e a sensibilidade do
piano de Jason Moran resistiram e de que maneira à evidência da ponte aérea da
Ryanair que o Porto hoje representa,
acomodando no concerto a intensa passagem de aviões num fim de tarde memorável.
A combinação do reportório de Lloyd com o imaginário
musical popular grego e a profundidade do sítio produzem um ambiente irrepetível.
As suites gregas e um requiem de uma grande intensidade parecem antecipar em Junho
de 2010 a tristeza profunda da Atenas de hoje e a densidade trágica da tensão urbana.
Como amenidade de tudo isto, fica o poema de Requiem(Agathi Dimitrouka):
Silent shadows
Lean over the
earth
Like trees
hanging in mid-air
with no roots
in life.
Shadows longing
To be loved
To bloom and be
resurrected
In light and
love
Spring is late
And when
appears it will be dull
Lake a land
bent with age
Like and
embrace without children
Silent shadows
Lean over the
earth
Like trees
hanging in mid-air
with no roots
in life.
With no roots
in life.
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