quarta-feira, 14 de março de 2012

CHARLES LLOYD EM ATENAS



O tempo não dá para tudo e pelos vistos passou-me este concerto de Charles Lloyd  no Odeon de Herodes Atticus em Atenas, acompanhado do seu quarteto mais recente e com a participação de Maria Farantouri, cantora grega da resistência e dois músicos gregos Sokratis Sinoupolos e Takis Farazis. O contacto com o disco avivou-me memórias de outros concertos.
A sonoridade de Lloyd perturba-me sempre mesmo que o fôlego de Lloyd já não seja o mesmo de outros tempos. Mas o lirismo e a inventiva estão lá intactos. No verão passado, nos jardins de Serralves, o lirismo de Lloyd e a sensibilidade do piano de Jason Moran resistiram e de que maneira à evidência da ponte aérea da Ryanair que o Porto hoje  representa, acomodando no concerto a intensa passagem de aviões num fim de tarde memorável.
A combinação do reportório de Lloyd com o imaginário musical popular grego e a profundidade do sítio produzem um ambiente irrepetível. As suites gregas e um requiem de uma grande intensidade parecem antecipar em Junho de 2010 a tristeza profunda da Atenas de hoje e a densidade trágica da tensão urbana.
Como amenidade de tudo isto, fica o poema de Requiem(Agathi Dimitrouka):
Silent shadows
Lean over the earth
Like trees hanging in mid-air
with no roots in life.
Shadows longing
To be loved
To bloom and be resurrected
In light and love
Spring is late
And when appears it will be dull
Lake a land bent with age
Like and embrace without children
Silent shadows
Lean over the earth
Like trees hanging in mid-air
with no roots in life.
With no roots in life.

Sem comentários:

Enviar um comentário