Última hora: a Espanha acaba aparentemente de sofrer um pequeno revés na estratégia de incumprir parcialmente o seu objetivo inicial (assumido por Zapatero) para o défice público de 2012 (4,4% do PIB).
Desde o início do mês, quando Rajoy anunciou que iria fechar o ano com 5,8% do PIB (e não 4,4%) que os governantes espanhóis se desdobraram em ofensivas diplomáticas paralelas: por um lado, no sentido de assegurar à Comissão Europeia e aos seus parceiros europeus que tal alteração não afetará o essencial (chegar a 3% em 2013); por outro lado, no sentido de convencer a Alemanha do seu efetivo comprometimento com os esforços de ajustamento. E a coisa parecia bem encaminhada quando ao início da noite Schäuble veio referir que “a Espanha fez um grande progresso”.
A novidade do final da noite foi a de que a reunião do Eurogrupo se saldou pela imposição de um corte maior do que o pretendido pelo governo em 5 mil milhões de euros (dos 30 mil milhões previstos para mais de 35), assim resultando um défice exigido de 5,3% do PIB. À saída, Jean Claude Juncker sintetizou: "o aumento da pobreza e o incremento do desemprego em Espanha preocupam, mas há que exigir um esforço adicional".
À primeira vista, poderá pensar-se que o convencimento dos alemães não comoveu o Eurogrupo, que não funcionou o “poneos de acuerdo” gritado na ilustração de Bernardo Erlich (“El País”), que a prevalência da austeridade voltou a manifestar-se e a impor-se. Mas a sequência de imagens entre Juncker e o ministro espanhol da Economia, Luis De Guindos, significará “a contrario” que a surpresa não foi grande e que o que finalmente foi obtido de redução (quase 1% do PIB) não foi de todo irrelevante. Como diz o povo: “grão a grão enche a galinha o papo” ou, talvez melhor, “enquanto o pau vai e vem folgam as costas” – relativamente, é claro…
Sem comentários:
Enviar um comentário