Muito curiosa a entrevista ao “El País” de Steingrímur J. Sigfússon. Ele é o ministro islandês das Finanças e um fundador do Movimento Esquerda-Verde (atualmente em coligação governamental com os social-democratas), surgindo acima representado na companhia da primeira-ministra Jóhanna Sigurdardóttir (http://icelandreview.com), ambos esgotados pelo trabalho hercúleo a que têm sido forçados.
Três tópicos merecem destaque:
· P: A Islândia saiu da crise? / R: Não. Temos problemas para resolver relacionados com a legalidade dos empréstimos concedidos, com a dívida das famílias e das empresas, com o desemprego, que roça os 7% e que gostaríamos de reduzir mais rapidamente. Mas logramos que a economia crescesse: no ano passado uns 3% e este ano uns 2,5%. Não se fala já de uma suspensão de pagamentos. Mas não se fez sem sacrifícios.
· P: A Islândia é um exemplo? / R: Há que ter cuidado com as comparações. A Islândia não tinha opção, os bancos eram demasiado grandes nem que fosse para tratar de os resgatar. Pelo que tomamos os seus depósitos para levantar uma nova banca. A desvalorização da moeda também nos ajudou, tornando mais competitivas as nossas indústrias e exportações, motor da recuperação, sobretudo o turismo e a pesca.
· P: É grande o problema que têm os islandeses com a sua dívida… / R: Não diria que é o maior, mas sim um dos mais difíceis de resolver. Com o “crash” e a desvalorização, os empréstimos ligados a moeda estrangeira dispararam. Demos assistência às pessoas endividadas e reestruturaram-se e cancelaram-se muitos empréstimos. Mas ainda há muitos que se sentem injustamente ameaçados.
Perguntava há dias o “Expansión” (http://www.expansion.com) se o modelo islandês seria, na sequência do processo vivido há três anos, um espelho ou uma miragem para os países mais débeis da Zona Euro. Respondendo com o quadro acima, bem elucidativo das diferenças em presença (no caso, por confronto com a Grécia): da dimensão do país e da envergadura do resgate à presença de moeda nacional própria (e consequente possibilidade de desvalorização) e a uma ajuda externa mais “independente” (facultada pelo FMI, um agente externo e não um parceiro).
Não obstante, persistem ainda muitas e boas razões para não se desistir de acompanhar a situação islandesa nem de apontar a exemplaridade essencial da sua gestão política, social e económica..
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