quinta-feira, 22 de março de 2012

AMANHÃ VOU A VIANA

De Santiago de Compostela a Viana, uma espécie de roteiro sobre a prospetiva territorial, mais regional hoje em Santiago, urbana e de cidade em Viana amanhã. A primeira no quadro das atividades da Agência de Ecologia Urbana do Eixo Atlântico e a segunda no âmbito do Fórum Viana, iniciativa conjunta do Eixo Atlântico e da Câmara Municipal de Viana do Castelo que tenho a honra de coordenar cientificamente.
Hoje em Santiago de Compostela um debate rico e bem animado sobre as tendências estruturais a nível de demografia e de ordenamento do território que atravessam o futuro da Euro-Região.
Sob a coordenação de José Luís Barreiro Rivas, Professor Titular da Universidade de Santiago de Compostela, a jovem equipa da Agência de Ecologia Urbana do Eixo Atlântico acolhida pela Conselheria do Meio Ambiente da Xunta de Galicia animou um debate com a participação de Francisco Cardenas, chefe de programação da Agência de Ecologia Urbana de Barcelona, dos Professores Titulares Albino Prada (Universidade de Vigo), Edelmiro López Iglesias (Universidade de Santiago) e Martin Fernández Prado (Universidade da Corunha), agora também com responsabilidades de vereação na nova equipa do Ayuntamiento da Corunha, eu próprio e Emílio Fernández Suarez, Professor Titular da Universidade de Vigo que trouxe a perspetiva da biologia e da sustentabilidade.
Português e nortenho, só mas bem acompanhado por uma inteligência galega que continua a manter bem viva a utopia da Euro-região e a assume na sua diversidade. E aqui é surpreendente e sobretudo tocante a atenção que o pensamento galego atribui a este tema, por vezes incrédulo face à desvalorização que a inteligência nortenha (será que existe mesmo? Cada vez estou mais cético e com a sensação dos últimos mohicanos).
Uma grande convergência que diria estrutural acerca das tendências demográficas e de ordenamento que atravessam este território da utopia sobretudo galega. Algumas ideias fortes que vale a pena reter, pois traduzem uma ampla convergência de investigação e práticas sobre as matérias do ordenamento e do desenvolvimento regional.
Em primeiro lugar, a ideia de que a queda da taxa de fertilidade e o contexto de envelhecimento são fenómenos de longo prazo com os quais a Euro-região terá de conviver no seu futuro a duas décadas. Trata-se de uma transição demográfica sobre a qual poderemos talvez dizer que se processou mais rapidamente do que o esperado. Mas uma transição anunciada. A procura de ritmos de fertilidade mais propensos pelo menos a reproduzir a população atual dependerá de dois fatores essenciais: a recuperação dos níveis de confiança no futuro económico das próximas gerações e uma ideia fulcral avançada por Edelmiro López: é necessária a socialização acrescida dos custos da decisão de casar e ter filhos, não apenas por via de políticas públicas, também por socialização empresarial de organização do tempo e das relações de trabalho de modo a assegurar uma melhor convivência do trabalho (sobretudo da mulher) com a fertilidade.
Grande convergência também ao nível das questões da baixa densidade e da necessidade de distinção entre dispersão e invertebração do território, reforçando a ideia de que é necessário partir do modelo de ordenamento existente e nele definir margens de transformação possível.
Voltarei ao assunto.
Amanhã, o meu objetivo, do Eixo e da Câmara Municipal de Viana é criar com o Fórum um espaço de debate regular, de animação de ideias, de antecipação dos grandes trends que vão marcar a vida urbana e sobretudo os modelos de gestão e governação das cidades e dos territórios que são estruturados a partir destas últimas. A edição do Fórum de amanhã será o começo de uma dinâmica que se pretende regular e constitui uma das primeiras iniciativas de discussão do próximo período de programação e da aplicação a Portugal da Estratégia Europa 2020.
Espero por isso que mais gente passe a ir a Viana, regularmente.

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