Com uma chuva providencial (não sei se
em resposta às preces insistentes da Ministra Cristas) a vivificar os arrozais
bordejantes do Sado, a rede de aglomerados urbanos do Alentejo Litoral (Alcácer,
Santiago do Cacém, Santo André, Grândola, Sines e Odemira) debateu ontem na
Pousada D. Afonso II o lema “Regenerar para atrair”, com o meu contributo
(esquematizado no último post), Professora Ana Maria Freitas (Universidade de Évora)
com o tema do turismo cultural e criativo e Dra. Maria João Vasconcelos com o
tema da comunicação. A moderação coube ao jornalista Pedro Brinca, docente na ESSE
do IP de Setúbal e diretor do “Setúbal na Rede”.
O meu conceito de competitividade
baseado no tema inimitabilidade e das combinatórias de recursos que a podem
assegurar vai fazendo a sua progressão, carecendo agora de uma métrica para o
tornar operativo do ponto de vista da progressão.
A outra mensagem da focagem nos
recursos inimitáveis que podem alterar significativamente a perceção global
sobre o território convergiu bastante com as mensagens dos restantes
intervenientes e, para meu espanto, observou-se alguma unanimidade entre as várias
presenças institucionais no debate. O projeto da Herdade da Comporta esteve
representado, bem como o grupo Pestana anfitrião da Pousada D. Afonso II. CCDR
Alentejo, Entidade Regional de Turismo e pólo de desenvolvimento turístico do
Alentejo Litoral também animaram a discussão e em todas estas entidades o tema
do combate à atomização das mensagens de comunicação e a focagem num
posicionamento que transmita a diferenciação (inimitável) e por isso
competitiva do Alentejo esteve alinhado em posições muito convergentes.
E no seio desta convergência registei
com agrado que a entidade regional do turismo não abandonou a ideia do tempo
alentejano como grande mensagem comunicacional capaz de fazer a diferença e de
consolidar o perfil de visitante que tem demandado com insistência este território.
É também em torno desta ideia de tempo que temos concebido a estratégia de
atração de residentes para este território – a ideia do SLOW LIFE INTELIGENTE.
Não me recordo da expressão portuguesa
que marca a referida mensagem comunicacional em torno do tempo alentejano, mas
as expressões em língua inglesa e francesa são de uma grande profundidade e
penso que marcam bem a força diferenciadora do território:
TIME
IS EVERYTHING
LE
TEMPS EST TROUVÉ
A expressão francesa é particularmente
tocante. Outra coisa bem diferente será encontrar financiamento nacional para
construir um plano comunicacional que dê corpo e expressão à valia destes dois
temas. E aqui continuamos a brincar aos esforços de comunicação a uma escala tão
pequena que dificilmente os impactos estarão garantidos.
Outra ideia que despertou amplo
interesse entre os autarcas presentes foi a minha pequena provocação aos grupos
empresariais representados no debate. A base patrimonial e vivencial urbana do
Alentejo, a ruralidade de excelência e próxima dessa convivialidade urbana e a
paisagem que corporiza o lema do LE TEMPS EST TROUVÉ são indiscutivelmente
bens públicos sobre os quais a combinatória para a inimitabilidade deve ser
construída. Mas neste caso, dada a relevância desses bens públicos para os
produtos e públicos focados por projetos como o da Herdade da Comporta ou os
Alqueva Resortes de Roquette e companhia (mais Roquette do que companhia nas
condições atuais de mercado), seria importante que o financiamento privado
internalizasse no seu cálculo económico algum contributo possível para a sua
preservação. Os representantes privados presentes não tugiram nem mugiram. Mas
principalmente o autarca de Alcácer registou e apreciou bastante a ideia.
Uma última nota para louvar o trabalho
de recuperação da memória da presença muçulmana em Alcácer através do seu
projeto da Cripta Arqueológica que honra a arqueologia portuguesa. A
multiculturalidade dos nossos assentamentos antecipou no tempo uma capacidade única
de interlocução com diferentes civilizações e será em torno desta capacidade
que poderemos conquistar um lugar no mundo à nossa escala e dimensão.
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