quinta-feira, 29 de março de 2012

ANDARILHO


Tal qual andarilho das ideias em torno dos modelos de desenvolvimento territorial, estarei amanhã em Alcácer do Sal para debater o tema “Regenerar para atrair”, numa iniciativa de animação da rede de aglomerados do Alentejo Litoral, acolhida pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal na Pousada do Castelo.
A minha participação no tema resulta do meu interesse recente pelas estratégias de atração de residentes em regiões carenciadas de dinâmica de rejuvenescimento demográfico e de capacidade de empreendimento, que tenho vindo a desenvolver em territórios do Alentejo.
A intervenção de amanhã discute essencialmente a possibilidade de emergência de conflitos entre a atração de residentes e a valorização do turismo nos territórios do Alentejo Litoral, que justifica o tema escolhido para esta fase de animação da rede: Regenerar para Atrair.
O modelo de abordagem ao tema da convergência/conflito entre estas duas dimensões do modelo de desenvolvimento territorial parte de uma evidência frequentemente ignorada neste tipo de experiências de desenvolvimento local: a necessidade de focagem clara quer dos modelos/produtos turísticos a explorar, quer dos públicos-alvo em torno dos quais deve ser promovida a estratégia de atração de residentes.
O argumento base é o seguinte:
  •  Ser hoje competitivo é o resultado de combinatórias de recursos que asseguram por algum tempo alguma inimitabilidade aos territórios;
  •  Mas essa inimitabilidade tem de ser reconhecida pelo mercado, qualquer que ele seja;
  •  Por isso, para além dos recursos e da visão sobre eles que tendemos a construir, o importante está na perceção dos outros, a perceção formada a partir do exterior;
  •  O que suscita a necessidade de ter em conta a perceção global do território e perceções de públicos específicos;
  • É neste contexto que a focagem é crucial, sem focagem não é possível influenciar processos de perceção global sobre os territórios.
Uma viragem se impõe: Organizar a oferta? Sim, é óbvio e onde há muito para fazer (questão organizacional, cooperação entre recursos). Mas sobretudo pensar do ponto de vista da procura, pensar a partir de visões exteriores sobre o território.
Com base nestes princípios, discuto as duas dimensões que condicionam a decisão (tradicionalmente pesada em Portugal) de deslocalizar residência:
  •  A que é influenciada por uma oportunidade de emprego que a pode exigir;
  • A que acompanha um projeto de mudança de trajetória de vida com ou sem o desenvolvimento de uma atividade empresarial.

O lema “Regenerar para atrair” joga bem com três ativos específicos que diferenciam o Alentejo:
  • Base patrimonial e vivencial urbana;
  • Ruralidade e mais valias ambientais próximas;
  • Vinho – gastronomia – cultura.
A valorização do estilo de vida residencial que o Alentejo pode oferecer é compatível com o posicionamento de vários Alentejos:
  • Um Alentejo mais tecnológico e empreendedor;
  • Um Alentejo mais cosmopolita e internacionalizado;
  • Um Alentejo que valorize mais a incorporação de conhecimento.
  • Um Alentejo que combine melhor a qualificação e a valorização dos seus fatores culturais mais representativos
  • Um Alentejo de “short-breaks” turísticos e outros produtos atraídos pela vivência desse estilo de vida.

Sem comentários:

Enviar um comentário