Tal qual andarilho
das ideias em torno dos modelos de desenvolvimento territorial, estarei amanhã
em Alcácer do Sal para debater o tema “Regenerar para atrair”, numa iniciativa
de animação da rede de aglomerados do Alentejo Litoral, acolhida pela Câmara
Municipal de Alcácer do Sal na Pousada do Castelo.
A minha participação
no tema resulta do meu interesse recente pelas estratégias de atração de
residentes em regiões carenciadas de dinâmica de rejuvenescimento demográfico e
de capacidade de empreendimento, que tenho vindo a desenvolver em territórios
do Alentejo.
A intervenção de
amanhã discute essencialmente a possibilidade de emergência de conflitos entre
a atração de residentes e a valorização do turismo nos territórios do Alentejo
Litoral, que justifica o tema escolhido para esta fase de animação da rede:
Regenerar para Atrair.
O modelo de
abordagem ao tema da convergência/conflito entre estas duas dimensões do modelo
de desenvolvimento territorial parte de uma evidência frequentemente ignorada
neste tipo de experiências de desenvolvimento local: a necessidade de focagem
clara quer dos modelos/produtos turísticos a explorar, quer dos públicos-alvo
em torno dos quais deve ser promovida a estratégia de atração de residentes.
O argumento base é
o seguinte:
- Ser hoje competitivo é o resultado de combinatórias de recursos que asseguram por algum tempo alguma inimitabilidade aos territórios;
- Mas essa inimitabilidade tem de ser reconhecida pelo mercado, qualquer que ele seja;
- Por isso, para além dos recursos e da visão sobre eles que tendemos a construir, o importante está na perceção dos outros, a perceção formada a partir do exterior;
- O que suscita a necessidade de ter em conta a perceção global do território e perceções de públicos específicos;
- É neste contexto que a focagem é crucial, sem focagem não é possível influenciar processos de perceção global sobre os territórios.
Uma viragem se impõe: Organizar a oferta? Sim, é óbvio e
onde há muito para fazer (questão organizacional, cooperação entre recursos). Mas
sobretudo pensar do ponto de vista da procura, pensar a partir de visões
exteriores sobre o território.
Com base nestes princípios, discuto as duas dimensões que
condicionam a decisão (tradicionalmente pesada em Portugal) de deslocalizar
residência:
- A que é influenciada por uma oportunidade de emprego que a pode exigir;
- A que acompanha um projeto de mudança de trajetória de vida com ou sem o desenvolvimento de uma atividade empresarial.
O lema “Regenerar para atrair” joga bem
com três ativos específicos que diferenciam o Alentejo:
- Base patrimonial e vivencial urbana;
- Ruralidade e mais valias ambientais próximas;
- Vinho – gastronomia – cultura.
A valorização do estilo de vida
residencial que o Alentejo pode oferecer é compatível com o posicionamento de vários
Alentejos:
- Um Alentejo mais tecnológico e empreendedor;
- Um Alentejo mais cosmopolita e internacionalizado;
- Um Alentejo que valorize mais a incorporação de conhecimento.
- Um Alentejo que combine melhor a qualificação e a valorização dos seus fatores culturais mais representativos
- Um Alentejo de “short-breaks” turísticos e outros produtos atraídos pela vivência desse estilo de vida.
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