Acabo de regressar tardiamente a casa, vindo de uma noite improvável e quase “mágica”. Falo de uma criação do “Teatro do Vestido” que, após quatro edições referentes à Lisboa de que são originários os principais membros do grupo, esteve em apresentação esta semana no Porto. E devo a um encontro casual em Serralves com a Presidente do Conselho de Administração do Teatro Nacional S. João (TNSJ), Francisca Carneiro Fernandes, o facto de ter acedido ao conhecimento desta tão interessante produção.
Executado sob a direção de Joana Craveiro, “Esta é a Minha Cidade e Eu Quero Viver Nela” é por ela definido como um “projeto de intervenção e colaboração”. O que explica do seguinte modo: “intervenção, porque o projeto parte da cidade, é sobre a cidade, é para a cidade e é algures na cidade”; colaboração, porque funciona com base num convite a alguém exterior à companhia “para desenvolver um projeto performativo durante duas semanas”.
No caso em apreço, a experiência teve a novidade de ocorrer numa cidade estranha ao grupo, descoberta com a colaboração de Victor Hugo Pontes e Sofia Dinger e beneficiando de uma coprodução assumida pelo TNSJ. O projeto centrou-se no Mosteiro de São Bento da Vitória e no seu entorno paisagístico, histórico e vivencial. Duas horas e meia de caminhada pelos meandros da freguesia (entre ruas como a das Taipas, de Belmonte, de São Miguel, do Calvário ou das Virtudes e locais como a Capela de São José, a casa de Almeida Garrett, o Jardim da Cordoaria ou o miradouro do largo da Bataria da Vitória) na companhia de sete talentosos intérpretes e conduzido pelos olhares, memórias e interrogações que os mesmos nos iam desvendando. Magnífico!
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