terça-feira, 27 de março de 2012

UMA FIREWALL MAL AMANHADA



No post anterior, sublinhámos que um dos pontos de incerteza que persiste na zona euro reside na situação um pouco arrastada e rocambolesca aberta pela constituição e reforço do Fundo de Resgate Financeiro decidida (mas não concretizada) há longo tempo para garantia das necessidades de financiamento dos países sob o fogo das dívidas soberanas.
O arrastamento da incerteza deveu-se à recusa inicial da parte alemã em reforçar quer o EFSF (Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira), quer o novo e anunciado ESM (Mecanismo de Estabilidade Europeia) que deveria substituir o primeiro em Junho de 2012. A decisão, diz-se provisória, de fazer coexistir no tempo os dois mecanismos para aumentar o fundo disponível é uma tentativa de recurso para dar a ideia de que as necessidades de financiamento terão resposta possível à altura.
Mas a dança dos números continua a não ser clara, antes pelo contrário a adensar as dúvidas.
Num post colocado no EconoMonitor de 23.03.2012, sugestivamente designado de “A crise da zona euro: no olho do furacão”, Megan Greene faz uma estimativa das necessidades de financiamento dos países mais expostos e conclui pela insuficiência dos números, mesmo num contexto de justaposição provisória dos dois mecanismos. Num jogo do empurra como este, não é de admirar que ao contrário da doutrina estabelecida a disciplina fiscal não chegue para estabilizar com alguma sustentação o acesso aos mercados destes países.
O gráfico abaixo reproduz essa estimativa.

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