No post anterior, sublinhámos que um dos
pontos de incerteza que persiste na zona euro reside na situação um pouco
arrastada e rocambolesca aberta pela constituição e reforço do Fundo de Resgate
Financeiro decidida (mas não concretizada) há longo tempo para garantia das
necessidades de financiamento dos países sob o fogo das dívidas soberanas.
O arrastamento da incerteza deveu-se à
recusa inicial da parte alemã em reforçar quer o EFSF (Mecanismo Europeu de Estabilidade
Financeira), quer o novo e anunciado ESM (Mecanismo de Estabilidade Europeia)
que deveria substituir o primeiro em Junho de 2012. A decisão, diz-se provisória,
de fazer coexistir no tempo os dois mecanismos para aumentar o fundo disponível
é uma tentativa de recurso para dar a ideia de que as necessidades de
financiamento terão resposta possível à altura.
Mas a dança dos números continua a não
ser clara, antes pelo contrário a adensar as dúvidas.
Num post colocado no EconoMonitor de 23.03.2012,
sugestivamente designado de “A crise da zona euro: no olho do furacão”, Megan
Greene faz uma estimativa das necessidades de financiamento dos países mais
expostos e conclui pela insuficiência dos números, mesmo num contexto de
justaposição provisória dos dois mecanismos. Num jogo do empurra como este, não
é de admirar que ao contrário da doutrina estabelecida a disciplina fiscal não
chegue para estabilizar com alguma sustentação o acesso aos mercados destes países.
O gráfico abaixo reproduz essa
estimativa.
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