sábado, 24 de março de 2012

A BANALIZAÇÃO DO HONORIS CAUSA

(aventar.eu)

Com publicidade paga de alguma notoriedade, a Universidade Técnica de Lisboa e o Instituto Superior de Economia e Gestão anunciam o doutoramento Honoris Causa de Eric Maskin, Nobel da Economia em 2007 e Eduardo Catroga.
Como é óbvio cada universidade e cada escola têm os seus critérios de visibilidade, qualidade ou simplesmente das dimensões afetivas a retribuir, mas isto de agraciar em simultâneo as duas personalidades não lembraria ao careca. O comentário que emerge naturalmente é o da banalização dessa cerimónia. Imagino que Eduardo Catroga possa ter sido um professor dedicado e até com grande popularidade no Quelhas. Mas é necessária alguma imaginação para situar as razões da decisão, estando em pulgas para conhecer o futuro discurso de apresentação e homenagem ao candidato. Será um prémio ao politicamente incorreto? Será a retribuição de uma oralidade capaz de defender algo e o seu contrário, vide por exemplo a sua posição amplamente comentada na imprensa semanal sobre as famigeradas rendas EDP? Será um prémio diferido no tempo sobre uma das cenas mais divulgadas das famosas negociações PS-PSD ainda no pré Troika, com a sombra que fica sempre bem da Lapa? Se fosse Dragão dos mais acirrados diria talvez que o homem ganhará o seu Honoris Causa pela diatribe como Ministro das Finanças, implacável para com os devedores fiscais, que terá promovido lá para as Antas com o célebre processo da penhora fiscal (dispenso-me de referir qual o objeto da mesma) que ficará nos anais da violência do discurso Porto versus Lisboa.
Perdoem-me uma última metáfora. Se o Honoris Causa fosse um título com valor de mercado, os seus detentores estariam agora a suportar uma quebra significativa do seu nível de riqueza associado ao valor desses títulos.

Sem comentários:

Enviar um comentário