Fui iniciado na leitura de Proust numas aulas
de Filosofia memoráveis no agora designado Liceu Rodrigues de Freitas, centradas no
estudo e descrição da memória sensorial. Bons tempos. Estaria longe de imaginar
que o nome de Proust estaria muitos anos depois ligado a um índice económico
que o sempre imaginativo ECONOMIST construiu para quantificar o recuo de bem-estar
material induzido em alguns países de referência pelas incidências da crise
internacional e pelas terapias de austeridade associadas à crise das dívidas
soberanas.
O índice é composto por três categorias de saúde
económica: riqueza das famílias (ações e património); produto e consumo; salários
reais e desemprego. Mede em termos médios o recuo no tempo observado nestes
indicadores (uma alusão à memória do tempo perdido).
Grécia e Islândia recuam consideravelmente no
tempo, a primeira para antes de 2000 e a segunda para o início da década. Portugal
vem logo a seguir, curiosamente depois dos Estados Unidos, o que diz bem do
impacto da Grande Recessão no bem-estar dos americanos (mais propriamente nos
99%). Portugal terá recuado para 2002.
Ainda bem há pouco no meu curso de
Desenvolvimento e Crescimento Económico começava o mesmo com uma discussão empírica
do crescimento económico como regra e o não crescimento como exceção. O mesmo
curso, hoje, teria uma introdução empírica bem diferente.
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